Publicado no Diário Popular de 3 de janeiro de 2014
Vai
ser o título do meu filme. Na trilha, a música dos Paralamas. Será rodado em um pequeno município aqui da região.
Para filmá-lo eu precisarei de uma fazenda, de ruínas, de um rio, um campo de
futebol, um aeroporto. Algumas cenas, poucas, serão realizadas em Brasília –
DF. Vou precisar também de uma enchente.
As
personagens: dois candidatos a presidente do Brasil. Alguns assessores, muitos
bajuladores. Um prefeito, alguns CCs e peões de fazenda. Um capataz e sua linda
filha. Um político local, de oposição, e alguns correligionários. Mais
bajuladores. Vários militares. Repórter local e nacional (e talvez um
internacional).
Um
gaiteiro, um padre, um delegado e uma viúva. Muitos figurantes.
O
argumento: a trama se desenvolve no período de eleições para presidente,
disputa do segundo turno. Todos os votos do país foram apurados, menos os da
cidadezinha que, na véspera do pleito, fora atingida por uma grande cheia que
arrastou pontes, casas e urnas eletrônicas impossibilitando a eleição no município.
No Brasil a diferença entre a votação dos dois candidatos fora mínima, de modo
que os eleitores dessa cidade irão decidir a eleição. Marca-se, então, nova
data para tão logo a cidade se recupere dos estragos.
Os dois
candidatos voam apressados com suas equipes para o sul. Desembarcam no
aeroporto de Porto Alegre e de lá seguem em helicópteros - o único jeito de
chegar à região alagada.
Um dos
candidatos acampa com sua equipe na fazenda do prefeito que os recebe com
churrasco e baile. O outro escolhe o campo de futebol do município onde também está
instalada a unidade militar de engenharia que constrói pontes provisórias.
As três
semanas seguintes são de muita campanha. A cidade ferve em meio a destroços,
roupas estendidas nas ruas e lama. Chegam estações de tv e de rádio. Para
conquistar os votos decisivos os candidatos prometem de tudo, de aeroportos a estádios
padrão FIFA; de montadoras de automóveis a futura realização de olimpíadas.
Logo o
candidato que está na fazenda é acusado de seduzir a filha do capataz - quando
na verdade foi o contrário. Porém, não escapa da fúria do pai da moça que passa
os dias a afiar um facão resmungando “esse vai assumir, mas é na igreja ou no
inferno”. O candidato do campo de futebol é suspeito de planejar um golpe
militar, já que é seguidamente visto confabulando com tenentes e coronéis. O
presidente atual nem se manifesta, pois seu candidato ficou pelo caminho no
primeiro turno. Apenas acompanha pela TV, lá de Brasília.
Ainda não
sei como terminará o filme, nem imagino onde arranjarei helicópteros e aviões,
e muito menos uma enchente. Pensei em usar maquetes e miniaturas, mas acho que
perderá em realismo. Mas está aí a ideia para quem quiser aproveitá-la. Coloque
meu nome nos créditos e eu colaboro com a pipoca!
foto: google imagens